domingo, 31 de julho de 2011

O olhar angelical do terror


Após ataques terroristas, a exemplo desse ocorrido na Noruega, somos massacrados por imagens da tragédia. Imagens chocantes, destruição e morte, o horror em praça pública. Nesse caso, temos ainda os corpos de meninos e meninas assassinados na ilha de Utoya.
O que justificaria a matança de meninos e meninas? Como entender que alguém possa ferir de morte quem apenas passava por uma das ruas de Oslo? Que mal cometeram esses meninos e meninas? A quem feriram essas pessoas?
Diante de tamanha insanidade, no entanto, há uma imagem que me parece a mais aterradora de todas. Nela não há sangue, não há expressão de desespero ou dor, não há sofrimento.
Esse que agora sabemos se chamar Anders Behring Breivik é visto na janela de um carro de polícia. Ao contrário do transporte de presos no Brasil, ele não está socado no porta-malas de uma viatura. Está bem acomodado, ao lado de um policial, trajando uma espécie de camisa de cor laranja ou vermelha, que lembra um colete.
Seu rosto é sereno, cheio de claridade. Tem um porte orgulhoso. Não chega a ser hostil, mas é desafiador. Seu olhar é firme, quase doce, pacificado. Olhos azuis dirigidos a um ponto indefinido, mas que miram a todos nós, que vemos a foto. Ele nos olha e nos despreza. Está completamente absorto pelo grande momento que vive. Afinal chegou às páginas de todos os jornais, às telas de todas as televisões. É um fenômeno global. Autor de um grande feito, percebe-se que está feliz e não denuncia, no rosto redondo e quase infantil, qualquer culpa, ressentimento ou dor. É um homem realizado.
Essa é a foto mais terrível de todas que a mídia fez circular.
Os atos terroristas – venham de onde vierem – são por definição covardes. Produtos de mentes insanas, nos deixam face a face com o incompreensível, aquilo diante do que falecem todos os nossos argumentos, todas as nossas convicções e esperanças. O que dizer ou pensar diante de um homem feliz pela execução de dezenas de inocentes?
Nada.
Olho para a foto e vejo ali um homem convicto. Um homem que tem uma certeza absoluta de que fez o que deveria ter sido feito. Eis o terror. O sangue e as mortes são mero acidente, pura contabilidade. A destruição, não apenas de vidas, mas de esperanças, é coisa secundária. O que esses olhos azuis e esse sorriso irônico nos dizem é que estamos diante de uma criatura superior, que agiu movido por princípios elevados. Está acima das hesitações nas quais todos nos movemos. Acima do bem e do mal, além de qualquer julgamento. Aliás, deseja usar o julgamento como tribuna. Não há crime que tenha cometido.
Essa certeza de representar uma verdade absoluta define a insanidade. Uma das grandes conquistas da humanidade é a dúvida, a incerteza, a imprecisão, o não saber. O ser humano começou a pensar assim que descobriu a dúvida. Se não sei, busco saber. Se duvido, investigo, refaço meus argumentos, busco novas provas. Das minhas incertezas saem críticas contra arbitrariedades ou prepotências. Das imprecisões e mesmo defeitos que vejo em mim, resultam melhoras, avanços, descobertas.
Assim, nada mais aterrorizante do que um homem que não tenha dúvidas. Nietzsche, com a genialidade desconcertante de sempre, escreveu: “a certeza enlouquece”. Chesterton deu à questão sua pincelada de ironia e paradoxo: “o louco é aquele que perdeu tudo, exceto a razão”. O louco está certo sempre. O louco sempre tem razão.
Eis como nos tornamos reféns de terrorismos de diversos tipos. Alguns fanáticos tentam se justificar em crenças religiosas delirantes, em isolamentos tribais, em equívocos raciais. Outros, em limites nacionais, diferenças de gênero, de comportamento sexual, de escolhas políticas. É o resultado da negação do outro, aquele que exige que eu duvide de mim e me coloque em questão. O fanático teme o outro e, no mesmo ato, teme a si mesmo.
E o terror nos brinda com o olhar angelical dos iluminados.

sábado, 23 de julho de 2011

Itamar Assumpção - O Nego Dito



Daquele instante em diante é um documentário comovente. Fui ao cinema querendo rever o músico excepcional, o compositor raro, a figura que sintetizou tantas coisas pelas quais lutamos, na arte e na vida brasileira. Tudo isso está lá, mas saí do cinema sentindo outra coisa: o filme é comovente.
Cumpriu-se o desejo de uma das filhas de Itamar – uma bela e doce figura de olhos lindos que abre seu coração de filha para pedir um filme que amenize suas saudades do pai. Não do compositor, não do sujeito tido como maldito, não do possível gênio. Mas do pai, do homem, certamente do amigo. Pois o filme faz isso.
Itamar – que passou a vida querendo se livrar da pecha de maldito à qual foi condenado – surge por inteiro. Inquieto, criativo, sem sossego. Apegado aos amigos, à família. Fissurado em buscar a perfeição. Inovador sempre. Brigão, irritadiço, brabo, explosivo. Amante de flores, sobretudo de orquídeas, que cultivava para presentear os amigos. Contraditório e coerente. Ríspido e carinhoso. Intransigente e incapaz de concessões. Desprezando o sucesso fácil junto às gravadoras e redes de televisão. Deixando de fazer shows lucrativos para dedicar seu tempo às suas pesquisas musicais. O fã incondicional de Bob Marley e de Miles Davis. O duplo de Ataulfo Alves, um duplo reinventado. A voz inconfundível. A pulsação africana.
Destaco duas coisas, que estavam perdidas em minha memória. A valorização do contrabaixo como o eixo em torno do qual tudo se passa. E o caráter autobiográfico de suas composições. Ele abriu sua alma e a deixou exposta em suas letras e músicas. Só ele seria capaz não apenas de criar seu duplo, o Nego Dito, mas também de, na última apresentação, no CCBB, pouco antes de falecer, criar um momento de sublime beleza, expondo em canção as dores que o levariam à morte.
Não foi maldito. Foi um homem digno e cabeçudo. Foi íntegro, como músico e como homem. Foi ignorado ou marginalizado não só por gravadoras, rádios e televisões, mas também por músicos da mesma geração – os mesmos que ignoraram outra figura notável, Tom Zé. Mas Tom Zé foi salvo por David Byrne e conseguiu reinventar sua carreira.
Itamar não teve a mesma sorte. Acho que morreu de tristeza, não de câncer. O país em que nasceu não o merecia.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Coisas da vida literária


Há coisas estranhas acontecendo no mundo literário. Umas são cômicas, outras trágicas, outras apenas divertidas. Todas estranhas.
Uma delas: editora brasileira anuncia a edição de uma antologia de contos e crônicas para comemorar seus trinta anos. Até aí, nada de errado. Os autores interessados são convidados a participar das antologias – pagando, é claro. Mas há vagas para todos: o regulamento da editora avisa que não se trata de concurso, todos serão publicados.
O autor custear a edição de seu livro não é nenhum desatino ou novidade editorial. Mas reunião de textos sem qualquer seleção é demais. A editora deixa de ser editora, pois abre mão de uma de suas funções básicas. O autor, cheio de vaidade, joga seu dinheiro fora e ao leitor se entrega um produto que pouco lembra um livro.
Mas foi num site francês que encontrei algo ainda mais estranho, anunciado da seguinte forma: “Escrever um livro é fácil! Torne-se o herói de um romance".
Seguem as instruções: “Crie um romance personalizado no qual estejam você, seus parentes e amigos e se transforme num herói. Escolha o gênero de seu romance, responda a algumas questões e nós escreveremos o livro. Você irá recebê-lo em alguns dias".
Trata-se do livro prêt à-porter.
Quanto ao gênero, o futuro autor e herói poderá escolher: roman, insolite, suspense, espionnage, roman noir, politique fiction.
Basta clicar e surge um formulário no qual é possível preencher quadrinhos com as características dos personagens. Pede-se sexo, nome, sobrenome, dia e mês de nascimento. São exigidos alguns detalhes, tais como peso (facultativo), cor e comprimento  dos cabelos. Por que, diabos, o comprimento dos cabelos? É preciso mais: o herói usa óculos? Como você o descreveria: sonhador, um belo homem ou mulher, jovem, charmoso, talvez com um físico banal, um tipo não muito bem aquinhoado pela natureza?
Onde mora seu personagem?  Num estúdio, apartamento, vila, fazenda, castelo, hotel? Com o detalhe: o que o herói vê quando olha através da janela? A rua, os telhados, o jardim, o campo florido, o mar? E quando o personagem resolve dar um passeio, que veículo usa? Zero quilômetro ou um carro antigo?
Agora, coisas mais “profundas”. É preciso dizer se o personagem se enerva com facilidade e com frequência, se é tranquilo ou meio zen. Costuma usar uma linguagem corriqueira ou acadêmica? Quando eufórico, que tipo de exclamação – estamos na França, lembrem-se – usaria entre as seguintes: Super! Génial! Waouh! C’est de la Balle! E, quando estarrecido, qual dessas: Non d’un chien! Bon sang! ou um corriqueiro Merde!?
E suas preferências musicais? Jazz? Clássico?  Rock da pesada? Funk? Rap? Segue uma lista com mais de uma dúzia de opções. E, no caso de uma viagem, seu personagem escolheria qual dos destinos: Cuba, Ibiza, Japão ou, ça va sans dire, Brésil?
Tem companheiro? De que sexo? Dois dos amigos devem ser os mais íntimos, o que facilita a narrativa, acredito. E, como se não bastasse, um pedido macabro: querem que o interessado em ser herói indique qual de seus amigos estaria sujeito a sofrer um acidente de automóvel.
Preenchido o formulário, basta clicar num link para receber, em segundos, um primeiro esboço do romance. Cliquei, assinando-me Jean Garnier, e vieram duas páginas, das quais transcrevo o primeiro parágrafo: « Le CD glisse silencieusement dans le lecteur. Quelques secondes plus tard, un air de musique classique envahit le salon tandis que le charmant Jean Garnier laisse tomber ses kilos dans son fauteuil préféré». (“O CD roda silenciosamente no aparelho. Alguns segundos depois, um ar de música clássica invade a sala enquanto o encantador Jean Garnier deixa cair seu peso em sua poltrona preferida.”)
Entregam em seis dias. Custa em torno de 29 euros o exemplar.
Se fosse no Brasil, bastaria acrescentar que uma das amigas do personagem é tailandesa, que outra vive em Nova York, embora australiana ou neozelandesa, sendo que o personagem-herói circula continuamente pela ponte aérea São Paulo-Rio-Nova York, cidades nas quais exerce a trepidante e charmosa carreira de psicanalista.
Sucesso garantido, com resenhas e entrevistas, como diria um dos personagens secundários, “a nível de Brasil”.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Viva a França, mas sem o Tour de France


Meu bom amigo André Abramczuk me mandou um alerta a respeito do 14 de julho francês, que merece o título de festa mundial, pois nela começou a frutificar a bandeira da liberdade, igualdade e fraternidade, pela qual vale lutar até hoje.
Liguei então a televisão no canal francês, a TV5, e estava passando o Tour de France, a corrida de bicicleta que os franceses adoram.
Ainda que eu seja adepto daquilo que na França se chama de velô, acho essas corridas chatíssimas. Dei um tempo fazendo uma volta nos outros canais, assisti a um pedaço do Chaves – o verdadeiro, o mexicano –, a um trecho de um jornal e voltei à TV5. Bicicletas subindo morro. Bicicletas descendo morro. Bilhões de pedaladas mais tarde, voltei para ver um monte de franceses emparedando os ciclistas na pista. Batiam palmas, gritavam, atrapalhando o trânsito. Repeti meu passeio pelos outros canais várias vezes e voltei outras tantas na esperança de ver passeatas de franceses agitando bandeirinhas bleu-blanc-rouge. Nada disso. A corrida continuava. Morro acima, morro abaixo, volta pra direita, volta pra esquerda, gente aos berros ao lado dos ciclistas. Fui assaltado pela angústia fóbica que senti ao assistir o belo filme As bicicletas de Belleville.
Desisti. Apesar de tudo que fez pela modernidade do mundo ocidental, de Flaubert a Camus, de Voltaire a Sartre, de Lévi-Strauss a Erik Satie, de Renoir a Cézanne – e quantos mais, quantos?! - cheguei à conclusão de que há algo de errado com os franceses. Adotaram a Carla Bruni, vá lá, mas amam o Tour de France, vá entender.
Fiquei assistindo o Chaves, o Quico, o Madruga e o professor Girafales.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Isso será jornalismo?


Há um comportamento curioso no momento por parte das redes de televisão. De um lado, a Globo, e do outro,  a Bandeirantes. A Band transmite os jogos da Seleção Brasileira sub-17, que joga o Mundial, no México, e também transmite os jogos da seleção feminina de futebol, que joga o Mundial da categoria na Alemanha. Deu sorte, a Band, pois os meninos e as meninas vão bem, os jogos são ótimos.
Já a Globo, que monopoliza os jogos da Seleção principal, deu azar, ao menos por enquanto. Apesar dos craques em campo, o time do Mano Menezes não deslancha. É uma pena, mas o time vai mal.
Então, nesse domingo, a Band, enquanto narrava o jogo da seleção feminina, lembrava aos telespectadores que em seguida iria transmitir o jogo da seleção sub-17, fazendo de conta que nem sabia que a seleção principal iria jogar.
Por outro lado, apesar dos bailes da Marta e da garotada sub-17, a Globo nem tocava no assunto dos Mundiais no México e na Alemanha.
Alguns diriam que é normal, já que nesses dias de trevas e trovões, tudo que é anormal se tornou normal. Mas eu me pergunto: o que essas televisões e seus jornalistas estão defendendo quando falam em direito de informar, em direito de ser bem informado? Estaremos assistindo a uma grande farsa?
Afinal, eles defendem a liberdade de quem? A liberdade de dizer o quê? De esconder o quê? De informar o quê? De não informar o quê? Quem decide o que vai e o que não vai ser informado? Segundo quais critérios?
É uma triste farsa. Aliás, as duas emissoras armam o mesmo circo com relação à Fórmula 1 e à Fórmula Indy. Uma faz de conta que a outra categoria não existe. Imaginemos o que rola quando não se trata de simples esportes, mas de política, economia, ecologia, problemas urbanos, educacionais, de saúde pública etc. etc.
Tudo bem, sou ingênuo. Graças aos deuses, continuarei assim para sempre.

domingo, 3 de julho de 2011

A cavalgada das valquírias


Era uma época sem essas maquinetas infernais – infernais e fascinantes – que hoje ocupam meninos e meninas e adultos: televisão, computadores, jogos eletrônicos, internet, redes sociais. Éramos um bando de moleques a inventar suas próprias distrações, soltos nas ruas, no meio do redemoinho.
Pela manhã, o tempo era gasto em ir ao colégio. Tratando-se de uma Blumenau que não existe mais, íamos caminhando. Durante o recreio, como ainda não existia bulling, gastávamos nosso tempo em saudáveis pugilatos, provocações e desafios entre quadrilhas, xingamentos, tirações de sarro, concursos de apelidos. Quem fosse mais fraco deveria descobrir um modo de se tornar mais forte. O difícil era descobrir no que, mas sempre havia uma modalidade: correr, brigar, estudar, tirar as melhores notas, ser o pior da sala, namorar mais meninas, jogar melhor bilboquê ou clica ou futebol.
Voltar para casa era divertido. Voltávamos leves, sem obrigações, em bandos anárquicos. Teríamos que enfrentar os deveres “de casa”, mas nisso nem pensávamos. Seriam feitos num resto de tempo, ao anoitecer.
O almoço devia ser rápido. Tínhamos o que fazer, não podíamos perder tempo. Logo estávamos reunidos na rua – pois naquele tempo todos éramos meninos de rua. Ser menino de rua não era a maldição dos dias atuais. Era o estado natural das coisas, as ruas eram nossas, nelas estavam todas as coisas interessantes da vida.
De calção e camiseta, pés no chão, estávamos prontos para um jogo de futebol, uma excursão num matagal próximo ou um mergulho no afluente do rio Itajaí-Açú que corria por ali. Não tínhamos medo do rio, ao contrário de nossos pais.
Mas tínhamos medo de algumas coisas. De um alemão neurótico que furava nossas bolas quando caíam no seu germânico quintal muito bem organizado. E medo de nossos pais, que nos vigiavam querendo saber o que fazíamos sumindo a tarde inteira em companhia de meninas, às vezes pelo meio dos matos. Não fazíamos muita coisa, é claro, mas a preocupação dos adultos nos deixava agitados: o que seria tão bom assim para que eles vivessem preocupados conosco? Ainda não sabíamos direito, mas adivinhávamos.
No meio das brincadeiras, surgiam as mães chamando para fazer a lição ou para ir ao armazém.
Fazer a lição era chato, mas ir ao armazém podia ser divertido. No armazém havia a filha do proprietário. Ele, um alemão solene e simpático, que gostava de puxar conversa. Ela, uma menina de olhos safados, que me pedia ajuda para encher o pacote de feijão que eu fora buscar. Sumíamos nos corredores do armazém. O pai ficava lá no balcão a conversar com um freguês e nós ficávamos namorando até ouvir o chamado:
- Os dois aí! Caíram dentro do saco de feijão?!
Ao final do dia, exaustos, merecíamos um repouso digno de heróis. Sentávamos no meio-fio e ficávamos esperando. Um contava uma anedota, outro pregava uma mentira. Esperávamos. Logo ouvíamos o alarido. Parecia um bando de tirivas se aproximando. Escutávamos uma mistura de vozes femininas e um chiar arrastado de correntes de bicicleta. Lá vinham elas.
Eram as operárias de uma fábrica próxima saindo do trabalho. Um bando delas. Não paravam de conversar. Riam muito. Eram muito bonitas. Aliás, eram belíssimas. Uma coleção soberba de valquírias. Branquinhas, clarinhas, cabelos loiros, olhos azuis, corpos saudáveis. Todas lindas, mesmo as mais feias, pois nossa imaginação transformava cada uma delas numa fräulein deslumbrante.
Quando estavam a uns dez metros, começava o espetáculo. A partir do meio-fio, víamos os vestidos subirem esvoaçantes ao ritmo das pedaladas, descobrindo pernas e coxas elásticas, macias ao olhar. Com sorte, víamos algumas calcinhas, mas eram raras. Sempre brancas. Lunares.
Assim passavam as operárias nas bicicletas, felizes com o término do turno de trabalho. Nós ficávamos imaginando coisas num deslumbramento inocente em que nos perguntávamos o que poderíamos, um dia, fazer com tudo aquilo.
Elas logo se perdiam rua abaixo. O rebolar nos selins era sempre uma lírica despedida.
Íamos dormir com a cabeça cheia de sonhos.